sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Olhei pro canto e vi um rato.

Olhei pro canto e vi um rato. Me olhou,... olhei,... correu. Não sabia que havia uma saída naquele canto. Pensei se daria acesso a outro cômodo. Arrastei o móvel que criava aquele canto e não achei buraco. Nem rato. Se estivesse dentro do móvel, teria feito barulho ou movimento que eu perceberia. Não só não fez, como ainda me surpreendeu ao aparecer, teletransportado, no outro lado da sala. Me encarou por alguns segundos e tentou correr na direção da porta. Com certeza já vinha fazendo aquele trajeto havia dias (qual será a duração de um rato?), mas hoje era a primeira vez que tinha uma platéia. Uma platéia solitária que não tinha a menor intenção de aplaudir. Só pensava nos lugares por onde aquele turista teria passado, sobre que coisas ele teria andado e que eu teria logo depois tocado, lambido, sei lá. Por segundos, os segundos em que ele me encarava (eu me sentia um intruso), me vieram à cabeça todas as recomendações sobre limpeza, asseio, cuidado com bactérias, fungos, vermes. Quis cuspir, limpar minha língua, me limpar. Mas agora tudo estava infectado. Eu precisava de uma limpeza a vapor, matadora de germes. E depois de uma bolha pra morar. Aqueles segundos de impasse finalmente passaram. Mas agora meu único objetivo era matar o desgraçado. Veneno? Ratoeira? Porrete? Agulhas quentes? Bisturi? Tesoura? Um papo sincero? Tentei a paulada. Só que um outro teletransporte veio e nem vestígios dele sobraram. Vou tomar um banho.

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